segunda-feira, 13 de abril de 2009

Capitão Nascimento é legal, mas eu prefiro Walt Kowalski

Gran Torino

Quando o filme Tropa de Elite saiu, uma febre tomou o Brasil. As crianças, os adolescentes e os adultos imitavam o personagem de Wagner Moura na sua carranquice e dureza. Eu mesmo imitei, afinal, o cara mandou muito bem. Era, como citei, uma febre.

Neste fim de semana, resolvi assistir ao então muito falado Gran Torino, o mais novo filme de Clint Eastwood e, para minha surpresa, o filme é uma obra-prima. Sei que o Capitão Nascimento do nosso Tropa de Elite e o Walt Kowalski (personagem do próprio Eastwood) não têm nada a ver. Um lidera um grupo armado das forças militares no morro do Rio de Janeiro e o outro é um veterano da guerra da Koreia vivendo em um bairro onde só sobrou ele de americano (os outros são imigrantes) e a segregação racial impera.

Mas, então, por que raios a comparação?

O Wagner Moura que me perdoe (eu realmente respeito seu trabalho), mas pra ser carrancudo e bravo, ninguém supera o eterno Dirt Harry. Agora, imaginem que ele envelheceu e ficou mais mal-humorado e mais carrancudo do que nunca. É mais ou menos o que podemos esperar de Walt Kowalski. E, para completar, o diretor de Menina de Ouro e Sobre Meninos e Lobos tem aqui, em minha humilde e inútil opinião, sua obra-prima. Sabe quando você assiste a um filme e não consegue encontrar defeitos? Foi mais ou menos o que aconteceu comigo depois de ver este filme. Eu queria sair por ai e obrigando a todos a assistir este filme. Eu queria ter uma espingarda calibre 12 em minha casa e sair expulsando vizinhos bandidos do meu quintal. Eu queria poder enfiar um trabuco na cara de um fulaninho folgado, desses que ficam tirando a moto de giro com escapamento Sarachú as 0h35 e dizer: " Já notou como você volta e meia cruza com alguém com quem não deveria ter se metido? Esse sou eu." Cara, eu queria ter os culhões do Walt Kowalski!

Não pensem vocês que eu estou desmerecendo o filme nacional Tropa de Elite (sem brasileróides aqui, ok?). Como disse, é um ótimo filme. Mas eu, sinceramente, vejo mais charme em um velho que passa suas tardes polindo seu Gran Torino 1972 do que ver o sofrimento do povo que vive a beira da miséria nos morros do Rio (não que a situação dos Hmongs, mostrada em Gran Torino, seja muito diferente). E, é claro, o charme asiático da Ahney Her me ganha fácil.

Se eu fosse seguir a descrição que li sobre o filme, eu certamente teria deixado pra trás e não teria assistido. Não diz muito mais do que "um velho veterano de guerra se revolta com sua vizinhança depois que tentam roubar seu Gran Torino". Mas, a sensação que tenho é essa mesmo, o filme te deixa sem palavras. É só assistindo pra saber! Eu recomendo!